terça-feira, 13 de setembro de 2016

sábado, 6 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Jornal O Tempo

Fim de semana


Três artistas e uma mostra pop


Os artistas plásticos Luciano Irrthum, Viváine Rebouças e Zé Armando reúnem suas obras numa mesma exposição - "Sobras Divinas", aberta até fevereiro no Centro Cultural UFMG (veja mais informações na página 21). Irrthum tem um estilo figurativo, com foco em cenas do cotidiano e cultura popular. Suas pinturas são influenciadas pela linguagem dos quadrinhos. As imagens de Viváine também são figurativas, dando ênfase na cor, na memória e cenas da cultura pop. Zé Armando utiliza bonecos de pano como meio para expressão visual e tátil, explorando irreverência, ironia e sexualidade.


Publicado em: 08/01/2010
Jornal O Tempo:
http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1534&IdCanal=14&IdSubCanal=&IdNoticia=130805&IdTipoNoticia=1

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobras Divinas

Observando o mundo, “Sobras Divinas” faz uma conexão entre o metafísico e o trash, passando pelo bizarro através de exemplos de utilização das cores. Onde antes havia e onde depois haverá – o fascínio de tudo o que está vivo estabelecendo o que há de mais belo e interessante sobre a terra. Vale a pena conferir!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

sábado, 7 de novembro de 2009

It's the end of the world as we know it, and I feel fine

It's the end of the world as we know it, and I feel fine

R.E.M.


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That's great, it starts with an earthquake, birds,
snakes, an aeroplanes, Lenny Bruce is not afraid.
Eye of a hurricane, listen to yourself churn - world
serves its own needs, dummy serve your own needs. Feed
it off an aux speak, grunt, no, strength, Ladder
start to clatter with fear fight down height. Wire
in a fire, representing seven games, a government
for hire and a combat site. Left of west and coming in
a hurry with the furies breathing down your neck. Team
by team reporters baffled, trumped, tethered cropped.
Look at that low playing! Fine, then. Uh oh,
overflow, population, common food, but it'll do. Save
yourself, serve yourself. World serves its own needs,
listen to your heart bleed dummy with the rapture and
the revered and the right, right. You vitriolic,
patriotic, slam, fight, bright light, feeling pretty
psyched.


[Chorus:]


It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it, and I feel fine.


Six o'clock - TV hour. Don't get caught in foreign
towers. Slash and burn, return, listen to yourself
churn. Locking in, uniforming, book burning, blood
letting. Every motive escalate. Automotive incinerate.
Light a votive, light a candle. Step down, step down.
Watch your heel crush, crushed, uh-oh, this means no
fear cavalier. Renegade steer clear! A tournament,
tournament, a tournament of lies. Offer me solutions,
offer me alternatives and I decline.


[Chorus 2x]


The other night I dreamt of knives, continental
drift divide. Mountains sit in a line, Leonard
Bernstein. Leonid Brezhnev, Lenny Bruce and Lester
Bangs. Birthday party, cheesecake, jelly bean, boom! You
symbiotic, patriotic, slam book neck, right? Right.


[Chorus 2x]

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Levana

Levana e as nossas Nossas Senhoras das Tristezas



"Em Oxford, muitas vezes, vi Levana nos meus sonhos. Conhecia-a por seus símbolos romanos." Mas quem é Levana? É a deusa romana que norteava as primeiras horas da criança, que lhe conferia, digamos assim, a dignidade humana. "Na ocasião do nascimento, quando a, criança experimentava pela primeira vez a atmosfera conturbada de nosso planeta, colocavam-na no chão. Mas logo em seguida, temendo que tão grande criatura rastejasse no solo por mais do que um instante, o pai, como mandatário da deusa Levana, ou algum parente próximo, como mandatário do pai, levantava-a no ar, ordenava-lhe que olhasse para cima, como se fosse o rei deste mundo; e apresentava a fronte da criança às estrelas, talvez dizendo a elas em seu coração: "Contemplai aquele que é maior que vós!" Esse ato simbólico representava a função de Levana. E essa deusa misteriosa, que nunca mostrou as suas feições (exceto a mim, nos meus sonhos), e que sempre agiu por delegação, extrai seu nome do verbo latino levare, erguer ao ar. manter elevado". Naturalmente muitas pessoas entenderam por Levana o poder tutelar que protege e controla a educação das crianças. Mas não creiam que se trata aqui dessa pedagogia que reina apenas por meio dos alfabetos e das gramáticas; é preciso pensar principalmente nesse vasto sistema de forças centrais que se oculta no seio profundo da vida humana, e que trabalha incessantemente as crianças, ensinando-lhes sucessivamente a paixão, a luta, a tentação, a energia da resistência". Levana enobrece o ser humano que ela protege, mas por meios cruéis. É dura e severa, essa doce ama, e entre os processos que usa para aperfeiçoar a criatura humana prefere, acima de todos, a dor. Três deusas lhe são submissas, e ela as emprega em seus desígnios misteriosos. Assim como há três Graças, três Parcas, três Fúrias, e assim como primitivamente havia três Musas, há três deusas da tristeza. São as nossas Nossas Senhoras das Tristezas. "Eu as vi muitas vezes conversando com Levana, e algumas inclusive conversando comigo. Pois então elas falam? Oh! não. Esses poderosos fantasmas desdenham as insuficiências da linguagem. Podem proferir palavras através dos órgãos do homem, quando habitam um coração humano; mas, entre si, não se servem da voz; não emitem sons; um silêncio eterno reina em seus reinos...

Texto: Charles Baudalarie (Os Paraísos Artificiais), sob efeito do ópio
Ilustração: Zé Armando (Sobras Divinas), sob o efeito da birita
Objetos: 3x5x20cm


Nossa Senhora das Lágrimas

Nossa Senhora das Lágrimas



 .... A mais velha das três irmãs se chama Mater Lachrymarum, ou Nossa Senhora das Lágrimas. É ela que, noite e dia, divaga e geme, invocando rostos desaparecidos. Era ela que estava em Roma, quando se ouviu uma voz lamentar-se, a de Raquel, chorando os seus filhos e não querendo ser consolada. Estava também em Belém, na noite em que a espada de Herodes varreu todos os inocentes de seus asilos... Seus olhos são alternadamente meigos e penetrantes, assustados e adormecidos, erguendo-se muitas vezes para as nuvens, freqüentemente acusando os céus. Traz um diadema sobre a cabeça. E sei, por lembranças da infância, que pode viajar nos ventos quando ouve o soluço das litanias ou o trovão do órgão, ou quando contempla o desabamento das nuvens de verão. Essa irmã mais velha traz à cinta chaves mais poderosas que as chaves papais, com as quais abre todas as cabanas e todos os palácios. Foi ela que, eu o sei, durante o verão passado, ficou à cabeceira do mendigo cego, aquele com quem eu gostava tanto de conversar e cuja piedosa filha, de oito anos, fisionomia luminosa, resistia à tentação de se juntar à alegria do burgo, para vagar o dia inteiro pelas estradas poeirentas com seu aflito pai. Por isso, Deus enviou-lhe uma grande recompensa. Quando chegou a primavera, e quando ela própria começava a florir, chamou-a a si. Seu pai cego ainda a chora, e sempre à meia-noite sonha que segura ainda entre as suas a mãozinha que o guiava e desperta sempre nas trevas que são agora novas e mais profundas trevas... É com a ajuda dessas chaves que Nossa Senhora das Lágrimas se introduz, fantasma tenebroso, nos quartos dos homens que não dormem, das mulheres que não dormem, das crianças que não dormem, desde o Ganges até o Nilo, do Nilo ao Mississippi. E como ela foi a primeira a nascer e possui o império mais vasto, honrá-la-emos com o nome de Madona.

Texto: Charles Baudalarie (Os Paraísos Artificiais), sob efeito do ópio
Ilustração: Zé Armando (Sobras Divinas), sob o efeito da birita
Objetos: 3x5x20cm

Nossa Senhora dos Suspiros

Nossa Senhora dos Suspiros



"A segunda irmã se chama Mater Suspiriorum. Nossa Senhora dos Suspiros. Nunca escala as nuvens nem passeia sobre os ventos. Em sua fronte, não há diadema. Seus olhos, se pudéssemos vê-los, não pareceriam meigos, nem penetrantes; não se poderia descobrir neles nenhuma história; encontrar-se-ia somente uma massa confusa de sonhos quase mortos e os restos de um delírio esquecido. Nunca levanta os olhos; sua cabeça, coberta por um turbante em frangalhos, cai constantemente e constantemente olha para o chão. Não chora, não geme. De quando em quando, suspira ininteligivelmente. Sua irmã, a Madona, mostra-se por vezes tempestuosa e frenética, delira contra o céu e reclama seus bem-amados. Mas Nossa Senhora dos Suspiros não grita nunca, não acusa nunca, não sonha nunca com a revolta. É humilde até a abjeção. Sua doçura é a mesma dos seres sem esperança... Se murmura algumas vezes, é em lugares solitários, desolados como ela. em cidades arruinadas, e quando o sol desceu para seu repouso. Essa irmã é a visitadora do Pária, do Judeu, do escravo que rema nas galeras;... da mulher sentada nas trevas, sem amor para abrigar a cabeça, sem esperança para iluminar sua solidão;... de todo cativo na prisão; de todos os que são traídos e de todos os que são rejeitados; dos que são proscritos pela lei da tradição e dos filhos da desgraça hereditária. Todos eles são acompanhados por Nossa Senhora dos Suspiros. Ela traz também uma chave, mas não tem necessidade dela. Pois seu reino está sobretudo entre as tendas de Sem e os vagabundos de todos os climas. No entanto, encontra altares nos mais altos postos da humanidade, e mesmo na gloriosa terra há homens que. perante o mundo, levantam a cabeça tão orgulhosamente quanto uma rena e que. secretamente, receberam sua marca na fronte.

Texto: Charles Baudalarie (Os Paraísos Artificiais), sob efeito do ópio
Ilustração: Zé Armando (Sobras Divinas), sob o efeito da birita
Objetos: 3x5x20cm

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Nossa Senhora das Trevas

 Nossa Senhora das Trevas



"Mas a terceira irmã, que é também a mais jovem!... Psiu! Falemos dela bem baixinho. Seu domínio não é grande: se o fosse, nenhum ser sobreviveria; mas sobre seu reino o poder que exerce é absoluto... Apesar do triplo véu de crepe que envolve sua cabeça, por mais erguida que a traga, pode-se ver debaixo a luz selvagem que escapa de seus olhos, luz de desespero sempre flamejante. nas manhãs e nas noites, ao meio-dia como à meia-noite, à hora do fluxo como à hora do refluxo. Ela desafia Deus. É também a mãe das demências e a conselheira dos suicídios... A Madona caminha com um passo irregular, rápido ou lento, mas sempre com uma graça trágica. Nossa Senhora dos Suspiros desliza timidamente e com precaução. Mas a mais jovem das irmãs move-se com movimentos imprevistos: salta; tem os pulos do tigre. Não carrega consigo uma chave, pois, embora visite raramente os homens, quando lhe é permitido aproximar-se de uma porta, toma-a de assalto e a arromba. E o seu nome é Mater Tenebrarum. Nossa Senhora das Trevas. 

Texto: Charles Baudalarie (Os Paraísos Artificiais), sob efeito do ópio
Ilustração: Zé Armando (Sobras Divinas), sob o efeito da birita
Objetos: 3x5x20cm